O que pensar no Dia dos Namorados

UMP IPSBC
5 min readJun 12, 2021

No dia 12 de junho, se comemora o “Dia dos Namorados” no Brasil. Essa data teria sido escolhida pelo publicitário João Dória (não o prefeito) no final da década de 40, com fins comerciais, inspirada no Dia de São Valentim, que é comemorado em diversos países. O Dia 12 foi escolhido por ser a véspera do dia de Santo Antônio, tradicionalmente conhecido popularmente como um “santo casamenteiro”. Pessoas diferentes têm “emoções” diferentes com relação a essa data. Estou escrevendo este texto como alguém que passou 24 anos de sua vida solteiro e agora está a meras semanas do seu casamento. Vou tentar falar alguma coisinha para cada um que se encontra nesse espectro.

“Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Gn 2.18.

Estas palavras da escritura nos mostram o desígnio de Deus para a sua principal criação, o ser humano. Ele não deveria “estar só”. Aqui não temos meramente a necessidade de que existissem outros homens como Adão. Deus não simplesmente criou amigos para Adão. Ele lhe deu uma esposa, uma “auxiliadora idônea”.

O sentido da palavra “idônea” no original, é de algo que se opõe a alguma coisa, que a corresponde, que a completa. É bastante comum ver o amor de um homem e uma mulher sendo simbolizado como duas peças de um coração que se encaixam. Essa é uma ideia bíblia. O que Deus deu para Adão era algo que em um certo sentido lhe faltava. Sabemos que duas peças idênticas não se encaixam, por isso Deus não lhe deu cópia dele mesmo, mas alguém que o correspondesse.

Isso nos ensina que desejar essa correspondência é algo do propósito do próprio Deus. Não é que Adão possuísse algum defeito, mas que ele foi “projetado” para que não estivesse “completo” por si mesmo, mas para que desejasse essa correspondência. O desejo que cada um de nós tem de encontrar alguém que o “corresponda”, é algo que Deus fez e que o agrada.

Também nos ensina que não somos iguais, homens e mulheres. Há diferenças entre nós, há algo criado por Deus, objetivo e real, que nos difere. Que faz com que homens sejam homens e mulheres sejam mulheres. Algo que os faz serem complementares, idôneos, perfeitos um para o outro, de forma que dois iguais jamais poderiam ser. Há algo muito belo no relacionamento de um homem e uma mulher e que só pode existir nessa relação por causa do projeto divino. Há uma razão pela qual o casamento é entre um homem e uma mulher. Há uma razão pela qual há papéis diferentes dentro do casamento.

Esse texto também nos ensina que o casamento é uma complementariedade mútua e recíproca. Não é uma relação em que uma parte está ali apenas para receber e a outra apenas para dar. Muitos veem o casamento apenas como uma forma de autorrealização, algo para a sua própria felicidade. “Tudo está bem enquanto está bom para mim.” Esse é um dos motivos pelos quais a instituição do casamento está tão fragilizada nos nossos dias e há tantos divórcios. Não pode haver amor onde há o culto de si próprio. Deus criou o casamento como uma relação complementar onde um deve ser dar ao outro.

O casamento é algo que deve ser celebrado e como Paulo nos ensina, recebido “com ações de graça” (1Tm 4.1–5). Embora o Dia dos Namorados seja uma data comercial e embora o homem pecador em sua maldade tenha pervertido essa bela criação de Deus com licenciosidade, ainda assim podemos usar essa data para refletirmos sobre a beleza dessa obra de Deus.

Podemos nos lembrar que ela aponta para uma realidade ainda maior do que nós mesmos: a própria necessidade que o homem tem de Deus. Como Paulo nos ensina também em Efésios 5.22–33, o casamento é em si uma figura do evangelho, do amor de Cristo por seu povo. Raramente paramos para pensar, como nossos relacionamentos deveriam espelhar esse amor de e que assim como a instituição do casamento é uma figura do amor de Deus, os nossos casamentos deveriam ser uma concretização desta figura.

Para aqueles que ainda não podem desfrutar da benção de ter recebido de Deus a sua “contraparte”, essa data muitas vezes pode ser melancólica. Eu mesmo passei muitos anos em que ela apenas me lembrava que eu ainda estava “sozinho”. O desejo de se casar, de viver essa companhia e amor, como eu já disse, é algo criado por Deus, é algo que faz parte da experiência humana comum. Embora a bíblia não nos dê uma promessa de que cada um de nós irá encontrar alguém, ela nos dá certeza do cuidado de Deus para com seus filhos e de que ele conhece cada um de nós, sabe de nossos anseios e necessidades.

Meu conselho para você que ainda está solteiro e se isso lhe deixa triste, é que lute para que a tristeza não se torne em amargura, para que esse desejo não se torne um ídolo que o afaste de Deus. O maior amor de um homem ou uma mulher e o casamento mais feliz, não podem tomar o lugar de Deus e preencher a necessidade que temos dele. A bíblia também nos ensina que há um tempo certo para tudo (Ec 3.1–8). Se você ainda está solteiro, deve confiar em Deus e crer que está é boa vontade dele para o momento atual de sua vida. Se você ainda está solteiro pode se dedicar ao reino de Deus de maneiras que muitas vezes não é possível para os que estão casados. Também pode se preparar para ser um bom marido ou esposa, pai ou mãe.

Aqueles que já estão casados ou que estão namorando, usem essa data para agradecer a Deus por essa grande benção que ele lhes deu. Aproveite para fortalecer e reafirmar esse amor que vocês sentem pelo seu companheiro(a). Mesmo que você ainda esteja solteiro, você pode louvar dar graças a Deus por ter criado o casamento. Pode olhar para o casamento de pessoas santas, que te inspirem e ilustrem o amor de Cristo, e orar a Deus pelo teu futuro cônjuge.

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